ENTREVISTA - Jennifer Barreto Leyva

Como de costume, sexta-feira é sempre dia de postar uma entrevista com alguma gordinha linda de sucesso. Na entrevista de hoje temos uma atração internacional, chic não acham? Pois bem, conheçam Jennifer Barreto Leyva, modelo plus size em Caracas, Venezuela.

A entrevista foi realizada em espanhol, ou melhor, em portunhol. Já que eu apanhei muito para conseguir fazer as perguntas e interpretar as resposta. Mas a tradução contou com a colaboração de Miguel Ángel Guzmán, meu querido amigo de lá do México que, mesmo de longe, se propos em me ajudar. Espero que gostem. 

Morena, alta, advogada, escritora e modelos plus size, essa venezuelana de 31 anos tem personalidade forte e traços típicos da mulher latina. Inteligente e muito bem articulada, Jeniffer é uma das mulheres que carregam a bandeira contra o pre-conceito às mulheres acima do peso.

Jennifer, conte para nós um pouco sobre você.

Sou advogada, escrevo para diversos meios, sou a primeira Rainha da Beleza de Tamanho Grandes na Venezuela. Mas antes de tudo, sou a primeira "size activist", uma ativista em defesa dos direitos das pessoas com sobrepeso e tamanhos grandes na América Latina.

Na sua infância/adolescência, você já tinha sobrepeso?

Sim, eu sempre tive sobrepeso, comparada às demais, sempre fui a maior, a mais alta.

Já sofreu algum tipo de preconceito por ser gordinha?

Infelizmente sim. São tantas experiências que, se eu for contar, passarei vários dias. Mas as experiências que mais me doem foram as que passei quando criança, pelos comentários dos adultos. É algo imperdoável.

Como reagir diante dessas situações de preconceito?

Eu recomendo simplesmente ignorar, não dar atenção. Quem é preconceituoso ou descriminador é uma pessoa ignorante, de mente pequena, estreita e pobre de espírito e de alma. Para alguém assim, tão pouco vale a pena se preocupar. Qualquer pessoa que te descrimina, que o insulta ou que te faça se sentir mal é porque se sente tão pequena, e quer que você chegue ao nível dela. Quem realmente tem auto-estima sabe que não vale a pena virar-se ou siplesmente olhar para tal pessoa.

Você foi Miss Plump 2007 na Venezuela, como isso aconteceu?

Inicialmente a minha idéia era entrevistar o organizador do concurso, para uma das colunas que escrevo. Ele ao saber sobre mim, meu trabalho e sugeriu e meu peso, sugeriu que a minha inscrição de imediato. A princípio recusei, concursos de beleza sempre me pareceu muito ridículo, porque ninguém tem que decidir se você é bonita ou não. Mas depois pensei melhor e vi que era uma boa maneira de chamar a atenção da mídia e decidi participar do Miss Plump (que quer dizer Miss Gordinha ou coisa parecida). Então, o concurso Miss Plump Universo se dividiu em dois, antes e depois de mim.

Como começou seu trabalho como modelo?

Quando criança, recebi uma proposta para ser modelo, eu tinha cerca de três anos de idade ou um pouco mais. Formalmente,  entrei no mundo de modelagem há cinco anos atrás, quando entrei gradativamente numa vida pública.

Você já havia imaginado fazer sucesso por causa do seu sobrepeso?

Na verdade não,  não porque não confiava em mim, mas porque conheço perfeitamente o país onde vivo, seu modo de pensar e o mercado de modelos venezuelano e latinoamericano. São intolerantes e não aceitam estereótipos diferentes. Mas ainda não posso dizer que consegui, pois ainda tenho muito o que fazer.

Além de modelo você também é advogada, como consegue conciliar isso?

Parece impossível, difícil, inconsistente, mas é até engraçado. Tento fazer meus horários de forma conviniente para poder me dividir entre as duas coisas, pois gosto de fazer as duas. Eu adoro moda, e sempre foi a minha vida, e até mesmo hoje, como advogada, procuro ser fabulosa, mesmo nos casos mais difíceis.

E como ainda encontra tempo para escrever em blogs e participar de programas de TV?

Quando você ama o que faz, consegue encontrar tempo para tudo. Eu escrevo para quatro revistas, para o meu blog oficial, produzo e apresento minha própria seção de de moda em programa de televisão em Porto Rico. Há alguns dias eles me perguntaram como eu conseguia fazer tudo isso, eu ri, porque também ainda não sei como faço. (risos)

Você se considera uma mulher de sucesso no seu trabalho?

As mulheres que convivem comigo me admiram, dizem que sou corajosa, especial, fabulosa. Mas no fundo sei que me invejam. Os homens são reservados comigo, acho que sou algum tipo de "Dona Bárbara", uma mulher ardente, indomável. Me divirto com seus olhares e com o que dizem, porque só eu sei quem verdadeiramente sou.

Você acredita que o mercado da moda está abrindo espaço para modelos de tamanhos grandes?

Acredito que sim. Eventualmente, essa será a América Latina. Em muitos outros países este mercado está se abrindo, porque compreendem que a diversidade é justa, saudável e necessária. Acho que depende de todos nós e da pressão que faizermos para que este mercado se abra.

Quando se fala de moda, o que você prefere usar?

Meus gostos geralmente são clássicos, a maioria do tempo eu sou conservadora, mas acho que a moda é a coisa mais engraçada do mundo,  por isso gosto de experimentar, inovar e me vestir sempre diferente. Minhas sobrinhas dizer que eu sou como uma Barbie, mas de tamanho grande, isso me diverte muito. Um dia me visto num estilo e no outro estou completamente diferente.
Quase todas as minhas roupas são da estilista Yuliya Raquel (IGIGI by Yuliya Rachel). Quanto aos acessórios eu adoro experimentar ao máximo. As minhas amigas estilistas ficam loucas comigo, porque estou sempre pedindo para fazerem coisas que projeto em minha mente. Elas são ótima, adoram colaborar com meus momentos de diva.

Na sua opinião, existe alguma roupa proibida para nós gordinhas?

Nosso mercado está muito abandonado, muito marginalizado. É uma pena que os estilistas não compreendam que temos a necessidade de nos vestir, que somos un mercado importante e que vale a pena investir na gente. Acho que depende de nós também para que nos compreendam. 

Gostaria de mudar algo em seu corpo?

Absolutamente NADA. Gosto do jeito que sou e de quem eu sou. Minhas estrias, minhas celulites, minha beleza exótica, minha altura, amo tudo o que sou e como Deus me deu.

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Viva a vida ao seu modo, não queira seguir ou copiar as outras pessoas. Faça sua própria história, marcando seus próprios passos, que são únicos. Aos ignorantes, o melhor remédio é ignorá-los.

Uau! Me senti inspiradíssima com a Jennifer, mulher animada, de muita garra e determinação. Além de ser linda, é claro.

E aí, curtiu? Para conhecer um pouco mais sobre essa mulher fantástica, basta acessar o blog da moça clicando AQUI. Está em espanhol, mas dá para entender bem o que ela escreve. E se não der, pede ajuda para São Google (rs).