Sou gorda... e feliz!

Ontem recebi um comentário no twitter que dizia assim: "Não sei como você consegue ser feliz, eu já tentei, mas o tempo todo meus pais e irmãos me chamam de gorda". De uma garota que acompanha o blog, e que ainda passa por um processo de aceitação do próprio corpo. Isso me tocou muito, pois já passei por situações como essa, e me motivou a criar o post de hoje.

É claro que toda (ou quase toda) gordinha passa por situações assim, onde amigos e familiares a chamam de gorda, dona redonda, fofa, ou coisa parecida. E isso nos deixa profundamente irritadas, magoadas e completamente desmotivadas. Porém, não acho justo que uma simples palavrinha derrube minha autoestima e me faça sentir infeliz. Sempre procurei driblar este tipo de atitude, e quando li o trecho abaixo num livro, me senti ainda mais resistente à este tipo de provocação. Espero que tenha o mesmo efeito à quem ler agora:

"Começo contando a uma amiga, a um colega de trabalho ou a um conhecido que estou escrevendo um livro chamado Segredos da gordinha feliz. Ele ou ela geralmente me olha da cabeça aos pés enquanto escolhe bem as palavras: "Mas, Wendy, não acho que você seja..." (aqui há uma pequena pausa, porque é difiícil dizer aquela palavra) "...gorda".

Eu sei, meu amor, mas é só porque você acha que gorda é sinônimo de horrível. Para você, gorda significa "perdedora", "deplorável", "repulsiva" e "incorrigível". Nenhuma dessas palavras descreve a minha pessoa. Estou aqui para lhe dizer que "gorda" é uma palavra. É um adjetivo. Assim como "alta", "morena", "feminina", "judia" ou "inteligente", adjetivos que também servem para me descrever. De acordo com todos os padrões - os da sociedade, do prontuário médico, da arara de roupas nas lojas e de meus próprios ideais -, eu sou definitivamente gorda. Portanto, vá em frente e comece a me ver assim. "Gorda". (...) 

"Gorda" é a palavra que uso para me descrever fisicamente, sem nenhum escrúpulo. Quanto mais a repito, mais me sinto à vontade e menos força ela tem de me magoar quando alguém a usa como um insulto. Quando falo de mim para as pessoas, gosto de dizer que sou gorda, embora isso normalmente as deixe aterrorizadas. Não sei o que elas imaginam - talvez uma daquelas pessoas que precisam se arrancadas de dentro de casa com uma empilhadeira. Já disse essa palavra tantas vezes que ela realmente não me incomoda mais. A palavra não me aborrece, mas dispenso suas associações. Qual é a pior coisa que alguém poderia me dizer? "Você é gorda"? Não, isso eu acabei de dizer. (...)

"Mas, Wendy", diz a minha pobre e inocente amiga/parente/vítima, "já que 'gorda' é uma palavra tão forte, não há outra que você possa usar?" Claro que há. Eu poderia usar "acima do peso", "tamanho grande", "curvilínea" ou milhares de outras, e eu as uso. Mas por que não me chamar da forma como me vejo? A palavra de que gosto mais, e a que melhor descreve meu corpo, é "gorda". O contrário de magra. Gosto dela. É curta, doce e surpreendentemente compacta."

Trecho do livro "Segredos da Gordinha Feliz"

Wendy Shanker

Editora Verus

E se algum dia você quiser deixar alguém constrangido por te chamar de GORDA, tente responder assim:

_ Puxa! Você acha mesmo? Finalmente alguém pra concordar comigo.

_ Gorda eu? Ah é, sou mesmo, sabe que às vezes até me esqueço disso.

_ Gorda pode emagrecer, mas quem é feio...

_ Gorda? Jura?! Puxa, se você não fala ninguém notaria. Incrível descoberta.
_ Poxa isso já está tão batido... até eu já cansei de me chamar de gorda. Porque não aprende outras palavras? Deveria ler mais.

_ Sim, sou gorda. E sou feliz por me aceitar assim. E você, pode dizer o mesmo? 

Ou seja, mostre às pessoas que "gorda" é apenas uma palavra e que ela não tem poder algum sobre a sua pessoa ou autoestima. Tenha certeza, o comportamento dessas pessoas mudarão com o tempo.

Beijos e sejam felizes, gordas ou não.