Gordinha sim, e daí?!

Quem aqui nunca se deparou em frente ao espelho, enquanto se veste para sair, avaliando milimetricamente o tamanho da barriga e culotes, torce o nariz com o volume das pernas e compara com o corpo perfeito da modelo da capa da revista? Não satisfeita, reclama do tamanho e formato dos seios e bumbum, se desespera com os buraquinhos da celulite. E finalmente chega num resultado no mínimos condenatório: "Tenho que emagrecer".

Pois é, todas nós, mulheres normais e reais, com certeza já passamos por uma situação como essa, ou no mínimo, bem parecida. É o tal do estereótipo perfeito que impregna a visão da sociedade que impõe uma ditdura uma padrão de beleza irreal e inatingível. Isso mesmo, INATINGÍVEL, com todas as letras garrafais possíveis.

Quantas vezes nos deparamos literalmente babando nas belíssimas fotos das celebridades exibindo um corpo perfeito, contato suas dietas "mágicas" e como emagreceram 10 ou 20 kg em apenas 15 dias, sei lá. A gente fica de queixo caído, acreditamos em quase tudo que está escrito ali e, ao fechar a revista só pensa numa coisa: "Eu também consigo, vou ter esse corpinho à todo custo". Acreditando que, para ter aquele corpo das fotos de revista basta apenas força de vontade.

O que muitas vezes esquecemos é que, cada pessoa é única, com um biotipo específico, com um metabolismo impar. Ou seja, cada um tem um processo de redução de pesos e medidas diferente e que nem sempre a dieta que funcionou um, funcionará para o outro. Fora isso, temos a nossa estrutura óssea, que é específica para cada formato de corpo, e que por mais que você emagreça, nunca conseguirá reduzir o peso dos seus ossos. Então, nem sempre emagrecimento é sinônimo de perca de peso.

Bom, fora isso, para se ter um corpinho perfeito como o da modelo na capa da revista, você precisará de muitos e muitos tratamentos estéticos e até cirúrgicos (sim, não se iluda quando elas dizem que nunca fizeram nada disso, é pura lenda). E para finalizar, você precisará de um excelente arte-finalista, isso mesmo, um expert no assunto "retoque de imagens", para dar aquele toque de perfeição que todo mundo acredita que foi dado por Deus, mas não, é puro Photoshop. Ou você acha que todas elas são lindas e exuberantes demais para ter um buraquinho se quer de celulite?

Mas isso você já sabe né, não somos mais tão ingênuas como antes. E antes que digam que isso é uma apologia à gordura, aviso que, quis escrever isso hoje porque é triste saber que mesmo depois de tantos alertas sobre a ditadura da beleza irreal, muitas mulheres ainda sofrem distúrbios alimentares, cometem o absurdo de passar dias à base de alface e água, violentando não só o seu corpo e sua saúde, mas também a sua mente e sua auto-estima.

Este não é apenas um sinal de alerta, mas também um grito de apoio à luta contra o preconceito com as pessoas em sobre-peso. Falo aqui pelas mulheres, mas tenho visto que muitos homens também passam por isso e são vítimas de opiniões distorcidas, que associam os gordinhos/gordinhas à falta de saúde ou cuidado com o corpo.

Ser gordo não é uma aberração, assim como ser careca, negro, ter sardas e outras coisas não são. O peso do corpo não pode ser sinônimo de falta de cuidados ou de amor próprio. Não somos sinônimos de piada ou motivos de gozação.

Somos pessoas normais e reais, com sonhos, desejos e sentimentos como qualquer outra pessoa. E não estamos pedindo uma cota na sociedade, mas apenas conquistando da melhor forma um espaço que já é nosso por direito.

Por isso que sempre que alguém torce o nariz quando me olha de cima a baixo logo digo: "Sou gordinha sim, e daí?" Pronto, falei.

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